domingo, 27 de janeiro de 2013

Fragmentos de um devaneio

Amigos, gostaria muito de dividir com vocês uma série de textos (ainda em execução)que devem compor uma releitura da obra de Roberto Drummond, um escritor que revolucionou a literatura nos anos 70 com sua escrita despojada e direta.

Nestes ensaios eu reescrevo uma obra que o consagrou e que lhe rendeu o Premio Jabuti de Literatura. A obra em quetão é: A MORTE DE D. J. EM PARIS - para quem já leu será mais fácil fazer a releitura através de minha escrita. Para quem não leu, deixo aqui uma excelente indicação de leitura, entre outras, deste autor pós-moderno que grande influencia teve em meu estilo.

Neste primeiro momento apresento a vocês um pequeno texto de abertura entre os demais ensaios.



Fragmentos de um devaneio
(sussurros de um homem atormentado)


Prólogo

Escrevo sobre G. Apolinário – (um de meus personagens que invariavelmente perde-se entre suas múltiplas personalidades) - no caso, G. Apolinário é D. J. de R. Drummond.

Não tenho dormido quase nada pra falar a verdade. Aceitei a sugestão de meu vizinho de quarto e passei a usar protetores auditivos para afastar o barulho incandescente do transito.
Em algumas noites tomo um comprimido para dormir. Outras, fico de olhos pregados no teto em cruz de meus escárnios.

Um ronco imaginário dorme a meu lado, enquanto lá fora a chuva castiga a vidraça. Sei que almas viram estátuas no ponto de ônibus eternamente plantado em frente à minha janela. Acendo a luz do abajur vermelho, tipo cereja doce e ligo o ventilador de teto. Depois acendo um cigarro só pra relaxar.

Paris grita enlouquecida e iluminada. Quem sabe eu seria mais feliz se estivesse sentado em um dos milhares de cafés espalhados pela sexta-feira com cara de sábado.

Em meus sonhos (quando os tenho), encontro com ela. Encantadora de meus pensamentos, que assobia e dança com a música que sai de seus sapatos. Ela, que desfila e desnuda a neblina. Que fala a meus ouvidos com voz de blues. 


Um comentário:

  1. Que imagem encantada delineou! Ainda que ele não sonhe sempre, os momentos vividos ao lado dessa figura mágica só poderiam ser inesquecíveis. Bjs.

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